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"Seja parte da mudança que deseja ver no mundo" (Mahatma Gandhi).

terça-feira, 21 de abril de 2009

Pesquisa em escrita científica dos pequenos pesquisadores: impasses e possibilidades*.

Debruço-me a registrar esse pequeno escrito, contudo no receio de me instalar em determinada redundância, pois o mesmo tem o objetivo de abordar a própria escrita como temática nodal. Não obstante, tentarei transpor de forma análoga sua importância histórica para com a referida pesquisa de vocês, a saber, estamos a tratar sobre os trabalhos para obtenção de requisito parcial à conclusão de curso, como as conhecidas e variadas jaezes de Monografias. É de nosso conhecimento antropológico que o que marca o paradigma divisor entre as linhas pré-história e história são, justamente, os registros de determinadas simbologias, que mais tarde se tornariam a escrita, mais precisamente, digo, aos arredores, do ano de 3.200 a.C. Os Egípcios e Mediterrâneos, como o conhecido Iraque, foram alguns dos precursores desta importante criação humana.
Outrora, sem mais rodeios, o que venho trazer aqui hoje é apenas uma reflexão acerca de uma medida contemporânea, intercedida também por um processo de escrita, dotada pela capacidade de transmitir parte do conhecimento que conjectura a formação acadêmica, tanto minha como de vocês.
A primeira crítica vem convidá-los para uma discussão capaz de emergir reflexões e possíveis posições políticas para com o tipo de sistema que, aos meus olhos, pode ser considerado como precário e falido de um compromisso ético institucional para com as desejáveis legitimações públicas que deveriam conjecturar o tipo de ciência humana produzida por nós. Por conseguinte, creio ser válido este pequeno escrito a preliminar as posteriores recomendações sobre nossos preciosos e caros trabalhos teórico-científicos de Monografia. Para tanto, meu argumento vem valer-se pelo requerido fato de que a Universidade deveria estender o processo e trâmite do trabalho em voga, a fim de resguardar possibilidades de transmissão que deveriam ser banhadas por um sólido compromisso ético-científico, capaz de perpassar o sistema institucional, a regular e resguardar o acesso irrestrito, porém anteriormente tramitado em uma avaliação séria, comprometida e rigorosa, às trabalhosas, sérias e verdadeiras monografias de conclusão de curso, salvo a hipocrisia dos desonestos alunos que são capazes de pagar para o êxito de tal, menosprezando a inteligência dos profissionais da instituição e a apodrecerem suas próprias trajetórias já consideradas, por muitos, como integrada a uma futura posição profissional.
Outrora, meu dever aqui não se resume a uma crítica fálica e estéril para com os furos fundamentais de nossa caríssima instituição em seu macro-poder, como lembra Foucault em 1979, para com as restritas, mas não impotentes possibilidades de nosso trabalho de escrita. Venho aqui falar do poder de nosso trabalho, de nossa responsabilidade política, científica e social para com a consolidação e propagação de nossa produção científica nas áreas humanas.
Qual de vocês nunca se deparou com um jornaleco vendido por apenas R$0,25, com o aparente compromisso de fornecer informações politizadas e significantes, facilmente encontrado em qualquer padaria, apresentando conteúdos midiáticos pouco relevantes para nosso contexto educacional crítico no Brasil? Qual de nós nunca deteve os olhos nas fotos pornográficas de suas primeiras páginas e nas fofocas a exaltar a vida privada de algumas pessoas públicas? Entretanto, quem dos a compartilhar este limitado escrito realmente desejou que o conteúdo de seus trabalhos tivesse uma viabilização social semelhante, capaz de contribuir para com políticas reflexivas em nossa sociedade? Talvez esteja longe o dia em que monografias ou artigos científicos estejam disponibilizados em bancas de jornal populares, porém a pergunta é: qual a nossa responsabilidade e possibilidade para com nosso trabalho produzido agora, sendo este tão banhado por investimentos de afeto, intelecto, tempo e dinheiro? Seria nossa produção científica apenas uma forma capital de garantir a sobrevivência e o mercado de nossas instituições de ensino?
Ora, quantos de vocês já se deparam com monografias de conclusão de curso acessíveis nas prateleiras das bibliotecas que freqüentam?
Meus queridos companheiros de faculdade, termino este pequeno escrito apenas fazendo alguns pedidos importantes, ao menos a meu ver:
1 – Estudem e façam com dedicação, esforço intelectual e afeto o trabalho de escrita científica de vocês.

2- Não deixem de fazerem as correções propostas pelo avaliador, mesmo que suas notam forem totais.

3- Dêem importância a produção de vocês e não as deixem em gavetas empoeiradas.

4 – Procurem e promovam possibilidades, mesmo que ainda civis, de viabilizarem o acesso a ciência de vocês.

5- Não se preocupem apenas com a forma de suas monografias, mas também para com a pragmática e relevância de seus conteúdos.

6 – Entendam de epistemologia e metodologia científica antes de escreverem, pois isso assegura o estatuto de ciência desejado em suas produções acadêmicas.

7 – Promovam políticas responsáveis para que nossa realidade da propagação do conhecimento científico possa sofrer modificações positivas, sendo estas capazes de melhor viabilizarem o acesso e a popularização de nossa espécie de ciência.

8 – Tentem pensar que meu intento é também uma forma de convidá-los a resgatar o valor do trabalho de vocês, uma forma de acolhê-los e lembrá-los que vocês e o que fazem são muito, muito mais importantes que discursos tirânicos e alienantes, que não são somente estes que fazem o mundo que vivemos, mas também o que nós podemos fazer.

Finalizo e agradeço pela atenção, pois este texto foi redigido com todo meu respeito para com a capacidade intelectual de todos, todavia desejo que esta não permaneça apenas ensimesmada em instâncias egóicas, mas também inclinada a promover saúde, educação, crítica e melhoras substanciais em nossa sociedade. Outrora, meu bom sentimento se estende também dentre outras nobrezas e potências que não podem permanecer adormecidas no âmago da existência dos estudantes de nosso contexto, sendo que pela classe e posição daqueles que se calcam na ética e responsabilidade científica tenho ainda mais orgulho. Grande abraço, Allan Gonçalves.

* Texto preparado para a IX JORNADA DE PRÁTICAS EM PSICOLOGIA, realizada em abril de 2009, mais precisamente para a mesa organizada por Viviane Baum, nos domínios da PUC MINAS BETIM, intitulada: Pesquisa em Monografia.

12 comentários:

  1. É a primeira vez que faço um comentario sobre um texto em um blog,entao desculpem meus erros de principiante.
    Pego pela frente em minha primeira vez um texto tao bem redigido desse colega,que não é amigo,por isso sou neutra para tecer qualquer comentario.
    Vamos lá,Allan coloca de forma clara e brilhante seu posicionamente frente a uma questao importate,o que se deve valorizar e aproveitar,estou aqui disponibilizando tanto da minha vida(profissional,academica e ate pessoal)em voltas com a minha monografia e muito tenho me perguntado para que?para onde?Acredito que diante do exemplo de meu colega Allan,podemos refletir quao necessario se faz a valorização de nossos trabalhos de pesquisa é assim mesmo,tudo começa assim,vamos valorizar e lutar uns pelos projetos dos outros e quem sabe assim teremos nossos trabalhos valorizados pela massa tanto academica como social em um futuro proximo.
    Parabens caro colega Allan,vc me fez refletir,obrigada por suas brilhantes palavras e ideias.
    Ana Cecilia Lemos

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  2. Muito obrigado Ana Cecília! Seu trabalho será um sucesso e eu estarei junto com você!

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  3. Acho muito pertinente o apelo para o compromisso ético-moral das produções acadêmicas. Hoje o que vemos não passa de um enumerado de masturbações intelectuais desconetas de um compromisso com a transformação do nosso escrizofênico quadro social. Temos que nos dedicar a transfomação desta realidade, fazer valer o priviégio que temos que é estar sentado no banco de uma universidade de qualidade e ter a consciencia dessa responsabilidade.
    Abraço e sucesso.
    ass.: Marcão

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  4. Ótimo texto...
    Realmente nos faz refletir!
    Estou apenas no 3º período e a preocupação com os trabalhos de conclusão de curso estão presentes desde o primeiro.
    Realmente como você diz, não vemos valorização ao nosso trabalho além da importância dele na conclusão do curso.
    Por isso se faz necessário uma transformação, uma modificação desta realidade.
    Mas é preciso que haja esta conscientização e que não fiquem todos acomodados com isso.

    Parabéns, Allan!
    Sucesso!

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  5. Muito obrigado raiza! Feliz por seu engajamento!

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  6. Caro Marcos,

    Valorizo muito seu comentário e creio que Bianca lhe reportou sobre os objetivos do blog. Caso tenha interesse me adiciono no msn. As discusões são importantes. abraço Allan G.

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  7. PARABÉNS MEU AMIGO!!! TEXTO COM EXCELENTE CONTEÚDO!!! ABRAÇÃO E SUCESSO!!!

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  8. Obrigado Gil! Vou passar na sua loja! Abraço e valeu pela atenção! Allan G.

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  9. Veja Allan, o qual me refiro em primeira instância, por sê-lo o autor do texto supracitado... Mas, desde já extendo todos os meus dizeres ao universo dos Homens imersos no contexto científico e social. Não seria mais legítimo supor que, acima de qualquer questionamento para com os destinos, muitas vezes, insólitos e "frios" das produções científicas...faz-se importante lembrarmos que produzir (dar nascimento) a qualquer que seja a proposta, desde sempre..historicamente revela-se uma tarefa árdua? Requer que trabalhemos. E, este último, o trabalho, além de exigir muitas energias... deve ter sempre como resultado uma "movimentação". Pois bem, avalio que este seja o ponto que deva nos interessar. Allan, e demais leitores... o importante é o "movimento". Ora, mas estejamos certos que nem todos desejam mover-se. Assim, acho sensacional que se faça um apelo e muitos convites às transformações quando constata-se que "o poder de nosso trabalho, de nossa responsabilidade política, científica e social para com a consolidação e propagação de nossa produção científica nas áreas humanas...", correm sérios ricos. Riscos, vividos e provocados, muitas vezes, pela própria categoria de cientistas que não se importam com o final de todo o seu trabalho, as vezes realizados por anos.... Mas, sabe Allan, me assusto... mas, já não mais me desespero. Por um motivo, insento de comodismos, mas de aceitação dos limites de cada ser humano. Penso, que nem todo ser humano que um dia adentrou-se no âmbito científico, de fato, queria se tornar um cientista ou um propagador de idéias.E, eles possuem este direito também. Destarte, ainda veremos muitos escritos sendo apenas palavras sem corpo. O que facilita esta aceitação, mas não soluciona os problemas... é pensarmos talvez que .... sendo em relação as construções científicas ou mesmo para com outras instâncias do ser humano, há um outro lado em tudo, que não conseguimos alcançar, cujo sentido, se fosse dado, poderia dar ao descaso do ser humano... direções mais plausíveis para os seus trabalhos (aqui penso até mesmo pra além das monografias)... Ser humano, necessariamente implica uma ultrapassagem. Transcender a si próprio é a essência mesma do existir humano e seus afazeres. Contudo, veremos pessoas diferentes umas das outras mesmo dentro de um mesmo ambiente. Ser-pessoa significa um absoluto ser-diferente. Com efeito, o essencial e valioso de cada homem não significa senão que ele é precisamente responsável pelo que escolheu fazer com as possibilidades que lhe foram concedidas..
    Então meu caro Allan, assim como eu tocado e afetado pelos "descuidados", mesmo nas situações mais desfavoráveis e indignas, o cientista permanece homem de maneira que possa lutar pelos seus dilemas...nenhuma condicionalidade é capaz de “fazer” plenamente com que desistimos. Estamos numa Realidade difícil que nos molda, mas não nos constitui sozinha...Enfim, vamos a luta!
    Abraços,
    Marina Clemente de Oliveira - Psicóloga Clínica

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  10. Caro Allan, leio no seu texto, com argumentos concretos, específicos e diretos uma realidade corriqueira que se instalou desde sempre em nossas Faculdades, Universidades e outros centros que se dizem formadores. A falta de incentivo ou a falta de capacidade de promover tais características de algumas pessoas fazem com que muitos alunos se perdessem em outras áreas, muitas vezes limitadas e não produtivas. Mas, como uma opinião particular e já expressada em outras conversas nossas, acho que a melhor forma de alterar esse aspecto limítrofe da falta de incentivo é não esperar o incentivo. Pode parecer simples, e realmente acho que não seja tão complexo assim. A vontade de pesquisar, escrever e buscar um ponto de vista, já faz com que pelo menos seu círculo profissional, particular ou qualquer um que seja enxergue um esforço de alguém que tem uma capacidade diferenciada naquilo que gosta. Pra mim, a exteriorização disso tudo é pura conseqüência. A solução futurística são as pessoas começarem a mostrar e desenvolver, fazer e não mostrar, nos torna tão igual a quem não faz.
    Abraço.

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  11. Sobre o comentário de Marina tenho apenas uma única fala, pois me calo parcialmente diante de tamanha delicadeza e responsabilidade para com as intenções deste humilde blog: Marina, você conseguiu me supreender mesmo eu já estando a esperar muito. Muito,muito Obrigado. Allan G.

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  12. Lembro-me sim da conversa Fred, aliás você retomá-la neste comentário é sinal que você tem alcançado sólida coerência. Parabéns e muito obrigado. Allan G.

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